O outro lado de Girl Boss


O feriado de Tiradentes foi um prato cheio para quem gosta de Netflix. Na sexta-feira (21), o serviço de streaming liberou todos os treze episódios da série original Girl Boss, baseada no livro de mesmo título da empresária Sophia Amoruso. A série conta o caminho da fundadora da Nasty Gal, e-commerce que começou no eBay, e chegou a faturar US$ 100 milhões em vendas em apenas seis anos. Apesar da marca ter atingido seu auge em 2011, acabou decretando falência no ano passado.

A história de Sophia começa na adolescência, viajando de carona, furtando em lojas e revirando caçambas de lixo. Aos 22 anos, ela havia se conformado em ter um emprego medíocre que assumiu apenas por causa do seguro-saúde. Foi aí que decidiu vender roupas de brechó na internet. Seis anos depois, se tornou fundadora, CEO e diretora criativa da Nasty Gal. No livro, Sophia afirma que sucesso não tem nada a ver com popularidade e sim com seguir a sua intuição.

A protagonista é interpretada por Britt Roberston. Além de ser considerada uma inspiração profissional para outras mulheres, o figurino da personagem têm sido outro "sonho de consumo" das espectadoras. RuPaul Charles, pioneiro na arte drag queen e indicado ao Emmy pelo reality RuPaul's Drag Race, faz uma participação na série. A produção fica a cargo de Charlize Theron, tão fã da Nasty Gal a ponto de ficar em fila na porta da loja física, e a própria Sophia Amoruso. Abaixo, assista ao vídeo!


Após o lançamento do livro, o termo "Girl Boss" passou a denominar qualquer mulher dona de sua própria empresa. Assim como o nome sugere, já era de se esperar que empoderamento feminino fosse um dos temas principais da série. De fato, a protagonista toma as rédeas de sua vida profissional. Por outro lado, espectadoras relatam que é difícil torcer por Sophia. A jovem passa por cima de todos a qualquer custo para atingir seus objetivos e ser bem sucedida. 

Girl Boss na vida real

Segundo o Modices, blog carioca referência em feminismo na internet, "Sophia sofre de falta de ética e caráter, ignora que para a construção de um negócio existe uma lógica empreendedora, um processo de crescimento e pelo menos alguma responsabilidade. Ela se comporta como um ser superior e como alguém que merece não seguir qualquer regra simplesmente por ser quem é. Esse tipo de pessoa não deveria ser admirada. Nunca." Outro comportamento citado pelo blog é a recusa ao amadurecimento. A personagem parece ter extremo desprezo por aspectos básicos da vida adulta como responsabilidade e lidar com as consequências dos próprios atos.



Cada colunista do site Superela ganha um colar quando posta o seu décimo texto

Fora da telinha, a vida de uma girl boss pode ser bem diferente. Juliana Brêtas, 34, é ex aluna de Comunicação da PUC-Rio e CEO do site Superela, uma plataforma voltada para o empoderamento feminino. Diferente de Sophia, ter sua própria empresa sempre foi um objetivo a ser atingido. Na escola, ela fazia esmaltes coloridos com tinta de caneta para vender para as amigas. Além disso, gostava de imaginar qual seria seu primeiro empreendimento, entre eles uma emissora de televisão. Ao assistir a série, Juliana conta que não se identificou com a personagem logo de cara justamente por Sophia demonstrar um comportamento infantil."Eu não tenho muito esse perfil. Sempre fui mais focada, nunca deixei de entregar nada, inclusive sempre entreguei mais do que me pediam", afima.


Carina Almeida e o pai Evandro Teixeira no Revezamento da Tocha Olímpica em 2016

Ser uma CEO em um universo majoritariamente masculino não é fácil, mas existem dicas de sobrevivência. Carina Almeida, 52, dirige a agência de comunicação Textual, uma das mais premiadas agências corporativas do país, além de ser formada em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e em Comunicação pela PUC-Rio. Em 95, quando fundou a empresa, o número de mulheres na liderança era bem menor. Hoje ela reconhece que tem mais companhia, principalmente na Comunicação.

A situação da Nasty Gal

Tudo o que vai, volta. Em 2011, as vendas atingiram a marca de US$ 24 milhões, e, em 2012, chegaram aos US$ 100 milhões. Já em 2014, no entanto, caíram para US$ 85 milhões e, depois, desceram ainda mais para a faixa de US$ 77 milhões em 2015. A saída de Sophia enquanto a fortuna da empresa diminuía também mandou um sinal trocado para os investidores em potencial. "A Nasty Gal é um exemplo de como uma companhia intimamente ligada à imagem de sua fundadora pode falhar quando esta não está mais lá- ou quando sua atenção está focada em outros momentos", afirmou o LA Times. 

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